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Sorvedouros do Erá­rio Público

Calecut, Séc XVI



Eram três os grandes sorvedouros do erá­rio público: a Índia, a Corte e o Norte de África.
Era da índia que vinha toda a riqueza e por isso toda a despesa era justificável. A espe­ciaria continuava a chegar em grande quanti­dade, era verdade, mas o esforço militar para garantir as transacções absorvia parte consi­derável dos lucros. A indisciplina, os abusos e a corrupção dos funcionários atingiam limites nunca vistos. Alguns apoderavam-se de canhões para armarem navios nos quais se dedicavam a negócios por conta própria.De Ormuz a Malaca as revoltas eram cons­tantes e, apesar dos conselhos, na Corte pre­valecia o plano do domínio militar apoiado em sólidas fortalezas. Por outro lado, os Muçulmanos haviam já recuperado a sua tradicional actividade no Oriente e, através das rotas do Levante, forne­ciam de especiarias os mercadores europeus. Portugal perdera já o monopólio deste comércio. Se a tudo isto somarmos os naufrágios e os ataques dos piratas, percebe-se melhor a diminuição progressiva da quantidade das naus que faziam a rota do Cabo, com a con­sequente perda de lucros por parte da Coroa e dos particulares.

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