Friday

A viragem para o Atlântico e a perda da Independência

Esquema Conceptual


A crise do Império Português do Oriente

Chegada de pimenta a Lisboa


Por volta de meados do século XVI, o Império Português do Oriente apresentava alguns sinais de crise, que se reflectiam na redução do número de navios que parti­ram para a índia e do volume de especiarias vindas pela rota do Cabo. Em 1549, o rei de Portugal mandou encerrar a feitoria portuguesa de Antuérpia.

Essa  crise era devida a:
. reanimação das rotas do Levante pelos Árabes e Turcos, que tinham decaído com a criação da rota do Cabo, controlada exclusivamente por Portugal;
. prática de monopólio régio do comércio das especiarias mais lucrativas, não deixando aos particulares a participação nesse comércio;
. elevadas despesas da coroa com a manutenção do Império, que muitas vezes ultrapassavam as receitas;
. desvio dos lucros obtidos no comércio para despesas de luxo e compra de terras e casas, não se investindo no desenvolvimento da agricultura e da indústria;
. aumento do número de naufrágios devido ao excesso de carga dos navios, fracos conhecimentos náuticos dos pilotos e ataques de piratas e corsários,
. concorrência de Holandeses, Ingleses e Franceses, que disputavam aos Portugueses o controlo do comércio e dos domínios ultramarinos.

Em resultado da crise do Império Português do Oriente, a coroa portuguesa volta os seus interesses para o Brasil, nomeando o 1º governador-geral, Tomé de Sousa, em 1549. A crescente importância do Brasil inicia a viragem da economia portuguesa para o Atlântico.

A Crise do Império


Na Corte, os gastos aumentaram sempre.
Grande parte da nobreza vivia de tenças e de prestações diversas pagas pela fazenda real e não seria politicamente sensato reduzi-las. À nobreza de corte acrescia uma série de fun­cionários que se multiplicavam por muitas das repartições públicas e que não cessavam de aumentar. Os compadrios e as eternas «cunhas» eram de tal ordem que o rei D. João III foi forçado a proibir novas nomea­ções a fim de evitar o agravamento das des­pesas.
(Dias depois, o mesmo rei mandou criar um lugar para um filho de um seu criado. À crítica de um ministro o rei respondeu: «Neste país de compa­dres, só o rei não pode ter o seu compadre?»)

A Crise do Império Português do Oriente

O império português e a concorrência internacional

A Falência do Império Português do Oriente



Toda a riqueza do Oriente passava apenas por Portugal e ia fomentar  o trabalho estrangeiro, que nos fornecia de todas as coisas. As enormes quantidades de dinheiro do comércio das Indias, de Malaca e do Oriente eram mal geridos, deficientemente orientados e, sobretudo, mal gastos. Em vez de um investimento no tecido produtivo do país optou-se por comprar ao estrangeiro o luxo que aqui se ostentava contribuindo para o desenvolvimento desses país. Em vez de se investir na construção naval optou-se por alugar barcos... a particulares e ao estrangeiro. Em vez de se procurar vender os prudutos trazidos do Oriente pelos mercados europeus esprávamos que os viessem buscar a Lisboa. Em 1549 abrirá falência a feitoria portuguesa de Antuérpia.
Portugal era apenas a placa giratória de todos os lucros da Rota do Cabo. Pegávamos na riqueza da Índia e íamos levá-la ao norte da Europa, à Flandres, à Holanda, à França e a Inglaterra.
Na gestão do comércio e dos negócios do reino não constava a política de fixação de riqueza, o reinvestimento na criação e desenvolvimento das actividades produtivas manufactureiras, de construção naval, de desenvolvuimento agrícola....
Não admira por isso que passados apenas 30 anos estivéssemos em enormes difuculdades económicas e financeiras.

"As fomes sucediam-se e era necessário endividar-se a Coroa para comprar cereais no mercado da Flandres. (...) Pediam-se empréstimos ao estrangeiro a juros altíssimos.
O País importava de Africa todos os anos, segundo diz um escritor, 338 000 moios de trigo e 670 000 de cevada. Em fins de 1543,deviam-se na Flandres somas enormes, além das que se tomavam em letras «a tão altos preços que se dobra a dívida em quatro anos".


(António Sérgio, Breve Interpretação da História de Portugal)

A carreira da Índia



No reinado de D. João 111 (1521-1557), o nosso país atravessou um período de grandes dificuldades : falta de dinheiro nos cofres do Estado, abandono de praças no Norte de África, encerramento da feitoria de Antuérpia, ataques a praças portuguesas do Oriente.
A partir de então, a situação do Império Português do Oriente piorou. A imoralidade e a corrupção atingiram funcionários e sol­dados portugueses. Por falta de dinheiro, as frotas que partiam para a Índia eram cada vez em menor número. A tradicional rota terrestre das especiarias (através da Ásia Menor e do Mediterrâneo Oriental) recuperou parte do movimento que tinha perdido com a descoberta da rota marítima para a Índia. Em consequência, a exploração da rota do Cabo deixou de ser monopólio do Estado e abriu-se a sociedades de capitais privados. Por outro lado, muitos dos barcos carregados de mercadorias orientais eram apresados por corsários (franceses,holandeses, ingleses) ou vítimas de naufrágios.

O Império Português


Os Impérios Europeus (Séc.XVI)
Nos inícios do século XVI, em resultado do esforço de soldados, marinheiros e membros da Igreja, constituiu-se o Império Português do Oriente, que tinha Goa por capital. Muito vasto, estendia-se desde a costa de África à Indonésia, Macau e Japão. Era essencialmente um império comercial e marítimo que assentava em feitorias e fortalezas espalhadas pelo Índico e pelo Pacífico.Mas a presença portuguesa foi desde cedo contestada pelos naturais- Árabes, Persas, Egípcios, Indianos -, afectados na sua liberdade e nos seus interesses económicos.
A partir de meados do século XVI, o Império Português do Oriente entrou em decadência.





Thursday

Antropocentrismo

 Albretch Dürer
Auto-Retrato (1500)
Até finais do século XV, o Homem considerava a vida espiritual e os problemas religiosos como o centro de todos os seus interesses. Contudo, nos últimos tempos da Idade Média surgiu uma nova mentalidade e um novo ideal de vida. Primeiramente em Itália e de­pois nos outros países da Europa, os intelectuais começaram a ma­nifestar uma atitude nova face ao mundo. Então, o Homem colo­cou-se como centro do mundo, isto é, começou a reflectir sobre si e os seus problemas. A esta visão mais ampla do Homem e do seu lugar no mundo damos o nome de antropocentrismo. Esta nova crença nas capacidades do Homem e nas suas reali­zações levou, nos séculos XV e XVI, a uma profunda mudança nas letras, artes, ciências e em todas as formas de pensamento.

Síntese Esquemática

Leonardo da Vinci, A Batalha de Anghiari (detalhe), 1503-05




UMA SOCIEDADE IDEAL

A Ilha da Utopia



- Caro More, na Utopia a administração difunde os seus benefícios por todas as classes de cidadãos. O mérito é ali recompensado. A riqueza nacional encontra­-se tão igualmente repartida que cada indivíduo goza com abundância de todos os confortos da vida. [...] Se tivésseis estado na Utopia, como eu, que ali passei cinco anos da minha vida, [...] veríeis que em nenhuma outra parte existe sociedade tão perfeitamente organizada.

Thomas More, Utopia (1516)



[Thomas More, dirigindo-se ao rei:] - Acabai com o crime e com a miséria na Inglaterra. […] Ponde freio ao avaro egoísmo dos ricos [...]. Que para vós deixe de haver ociosos! Dai à agricultura grande desenvolvimento, criai manu­facturas de lã e outros ramos de indústria [...]. Se não dais remédio aos males que vos aponto, não me elogieis a vossa justiça: não passa de uma mentira feroz e estúpida. Abandonais milhares de jovens aos péssimos efeitos de uma educação viciosa e imoral. [...] Que fazeis deles então? Ladrões, para terdes o prazer de os enforcar depois.

Thomas More, Utopia (1516)

Uma Nova Era


No século XV, a base dos conhecimentos relativos ao Univer­so, à Natureza e ao próprio Homem eram ainda as obras da An­tiguidade greco-romana, principalmente do filósofo Aristóte­les, do geógrafo Ptolomeu e do médico Galeno. No entanto, a autoridade dos sábios greco-romanos e a ad­miração pela Antiguidade não impediram o aparecimento de uma atitude crítica quanto ao saber herdado. Não se tratava de rejeitar os conhecimentos recebidos da Antiguidade, mas de os sujeitar a uma reflexão crítica.
Desenvolveu-se a ideia de que todo o conhecimento tinha que ser confirmado pela experiência e pela razão. Para Leonardo da Vinci, por exemplo, o saber devia resultar da observação da Natureza e só se tornava verdadeiramente vá­lido depois de ser interpretado racionalmente.
Em todo este processo de crítica ao saber tradicional e de procura de um conhecimento alicerçado na experiência, de­sempenharam um importante papel os portugueses, através das viagens de descobrimento. Geógrafos como Duarte Pacheco Pereira e D. João de Castro, matemáticos como Pedro Nunes e botânicos como Garcia de Orta deram um contributo decisivo para o avanço do conhecimento.
Contextualizar

Os Humanistas
Ghirlandaio, Os Filósofos
Os humanistas, eram, em termos gerais, estudiosos da cultura clássica antiga. Alguns estavam ligados à Igreja, outros eram artistas ou historiadores, independentes ou protegidos por mecenas. Acabaram por situar o homem como senhor de seu próprio destino, dotado de "livre arbítrio" (capacidade de decisão sobre a própria vida) e elegeram-no como a razão de todo conhecimento, estabelecendo, para ele, um papel de destaque no processo universal e histórico. Passa a interessar-se mais pelo saber , convivendo com a palavra escrita. Adquire novas ideias e outras culturas como a grega e a latina mas, sobretudo , percebe-se capaz , importante e criador . Afasta-se do teocentrismo, assumindo , lentamente , um comportamento baseado no antropocentrismo . De uma postura religiosa e mística, o homem passa para uma posição racionalista, crítica e individualista que lenta e gradualmente, vai minando a estrutura e o espírito medievais .
O Humanismo funcionará como um período de transição entre estas duas atitudes .

O Nascimento do Mundo Moderno

O Nascimento de Vénus
Sandro Botticelli
Concebendo o homem como centro do Universo e defendendo a sua valori­zação e dignificação, o movimento de renovação cultural dos séculos XV e XVI apelou para novos valores: o individua­lismo, o espírito crítico, a tolerância e a curiosidade científica. Embora de forma lenta e inicialmente muito localizada, uma nova mentalidade se impôs nos meios culturais europeus - a mentali­dade renascentista.

Os Novos Caminhos do Conhecimento


A Escola de Atenas (1511)
Rafael Sanzio

O mundo volta a si como se despertasse de um grande sono. Todavia, há ainda certas pessoas que resistem com furor, agarrando-se, de pés e mãos, à sua antiga ignorância. Temem que, se as letras antigas renasce­rem e o mundo se tornar culto, venha a demonstrar-se que não sabiam nada. Ignoram até que ponto os antigos foram sábios, que grandes qualidades possuiam Sócrates, Virgilio, Horácio e Plutarco.
Ignoram que a história da Antiguidade é rica em exemplos de verdadeira sabedoria.

Erasmo de Roterdão, Cartas (1527)
O Homem, um Ser Livre
Disse Deus ao homem: coloquei-te no centro do mundo, para que possas olhar à tua volta, e ver o que o mundo contém. Não te fiz celestial nem terreno, mortal nem imortal: poderás tu próprio escolher o teu caminho. Pela tua vontade podes tornar-te em bruto irracional ou podes alcançar uma elevada perfeição quase divina.


(Pico della Mirandola, A Dignidade do Homem, 1486 )
A Formação da Mentalidade Moderna


No centro da transformação intelectual renascentista encontra-se a passagem de uma mentalidade teocêntrica, isto é, que colocava Deus no centro da reflexão humana, para uma mentalidade antropocêntrica que tinha o homem como centro da sua reflexão e preocupação. Esta proposta correspondia a um reconhecimento e a uma crença optimista nas capacidades e no valor do ser humano, contrapondo-se à visão medieval do mundo.

Depositário do Belo



De A a Z,  tudo sobre a arte e os artistas que tornaram o mundo mais belo ainda.
Clicando na imagem encontras tudo sobre as obras e os artistas do Renascimento ( ou de qualquer outra época) :)







A Arte de Imprimir

Antes de Gutenberg criar a imprensa com caracteres móveis (1455), já se utiliza­vam no Ocidente algumas técnicas de impressão. Gravava-se o texto e os de­senhos em pranchas de madeira que, depois de receberem tinta, eram com­primidas sobre o papel. Este sistema, que era chamado de xilografia (xylon, em grego, significa madeira) no entanto, já era utilizado na China desde há muito.
O processo criado por Gutenberg reve­lou-se menos trabalhoso e mais eco­nómico e eficiente que a xilografia. As letras móveis, feitas de chumbo, po­diam sempre ser usadas em novos textos.
O 1º livro a ser impresso foi a Biblia e demorou cerca de cinco anos (1455-1460) . Em bre­ve a arte de imprimir se espalhou pela Europa. Em Portugal começaram a ser impressos livros ainda na segunda me­tade do século XV.
A invenção de Gutenberg é uma ds grandes conquistas da Humanidade.Para teres uma idéia do êxito e da importância da imprensa lembra-te que, em meados do século XV, o conjunto de todos os livros (ma­nuscritos) existentes na Europa não ultrapassaria os dez mil e que, passados apenas cinquenta anos, havia cerca de 10 milhões de livros impressos.
O grande escritor francês Victor Hugo, disse dela no séc XIX:
"A invenção da imprensa é o maior acontecimento da história. É a revolução mãe... é o pensamento humano que larga uma forma e veste outra... é a completa e definitiva mudança de pele dessa serpente diabólica, que, desde Adão, representa a inteligência."

TPC à distância

A Itália, Berço do Renascimento
Com base no esquema escreve um pequeno texto onde explicites a origem italiana do movimento cultural que foi o Renascimento

A Arte do Renascimento


Síntese Esquemática


Renascimento- Tópicos de Estudo


Tópicos de Estudo


UM HUMANISTA CRITICA A SOCIEDADE DO SEU TEMPO

Archimboldo


Se alguém julgar que falo com mais atrevimento do que verdade, venha inspeccionar comigo as vidas humanas [...]. Este mete no ventre tudo quanto ganha e, poucos dias depois, passa fome. Aquele não vê a felicidade senão no sono e no ócio. […] Os negociantes mentem, roubam, defraudam, enganam e consideram-se pessoas muito im­portantes porque andam com os dedos cheios de anéis de ouro. [...] Se alguém pudesse observar os mortais a partir da Lua, julgaria ver milhares de moscas e de mos­quitos envolvidos em rixas, guerras, maquinações, rapi­nas, enganos [...].
Os reis e os príncipes não escutam senão os que lhes di­zem coisas agradáveis […] Julgam executar inteiramen­te as funções régias se vão com frequência à caça […] e se inventam diariamente novas maneiras de diminuir a riqueza dos cidadãos e de aumentar a sua, por meio do fisco [...].
E que direi dos cortesãos? Nada há mais rasteiro, mais servil, mais hipócrita, mais abjecto que esses homens que se consideram os primeiros de todos [...]. Dormem até ao meio-dia; mal saídos do leito, ouvem missa, que para eles reza um padre mercenário. Mal acabado o almoço, logo os chamam para o jantar. Depois, são os dados, o xadrez, os torneios, os adivinhos, os bobos, as amantes, os divertimentos, as chalaças [...]. E, deste modo, sem receio do tédio da vida, passam as horas, os dias, os me­ses, os anos, os séculos.


Erasmo de Roterdão, Elogio da Loucura (1511)